Após a fala do presidente Michel Temer ontem dizendo que aceitou reduzir em 0,46% o preço do óleo diesel, a Rede Globo, que parece um órgão oficial de imprensa institucional federal, anunciou que a greve tinha acabado e que hoje tudo voltaria ao normal no país. Hoje a realidade é totalmente diferente, ou seja, quando se pensava que não havia mai greve, o movimento se fortaleceu devido o total apoio popular à paralisação. Os presidentes da entidades que se dizem representantes dos caminhoneiros estão desmoralizados, principalmente o líder dos motoristas autônimos que compareceu ontem à noite no Palácio do Planalto falando que o governo tinha contemplado toda a categoria e não via razão para a greve continuar. No noticiário de hoje, o presidente disse que a base do movimento n&atil de;o aceita parar com a greve e que os caminhoneiros querem a redução não só do óleo diesel mas também da gasolina, do gás, entre outros produtos derivados do petróleo. Para agravar mais ainda a situação por lado do governo, o ministro da Fazenda deu uma entrevista ao Bom Dia Brasil, emissora oficial do governo, dizendo que quem vai pagar a redução do preço do óleo diesel será o contribuinte. Essa informação foi a gota d´agua para um levante nacional que apimentei o movimento dos caminhoneiros que disseram que vão continuar a greve porque não pretendem trair o povo que esteve até agora ao lado desses sofridos trabalhadores brasileiros.
TEMER NÃO AGUENTA MAIS UMA SEMANA
Diante desse quadro conjuntural extremamente negativo que roda o Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer está encurralado. Bem feito. Está provando do próprio veneno quando articulou o golpe contra Dilma. O chefe da nação não tem apoio do Congresso Nacional com relação a essa luta dos caminhoneiros. Apenas o “porco duroque” (Marun) deputado federal e ministro de nada do presidente da República que está dando suporte ao presidente da República. Até o ministro Padilha sumiu. Sumiu também o companheiro inseparável do presidente, Moreira Franco, além de Romero Jucá, Sarney e toda a tropa de choque que mama nas tetas do governo federal há mais de quarenta (40) anos. Eunício Oliveira disse que essa crise é do presidente Michel Temer. Rodrigo Maia caiu fora e promete discutir o assunto hoje na Câmara Federal. Não via dá em nada porque os parlamentares estão longe do foco para não se comprometer devido à aproximação das eleições deste ano, quando a maioria deles é candidato à reeleição. Os caminhoneiros não imaginavam que tinham mais força do que a esquerda brasileira. Nem Fidel Castro e Che Guevara explicam essa mudança de pensamento ideológico nos movimentos sindicais brasileiros.
LULA, O ÚNICO CAPAZ DE APAZIGUAR O CAOS
Aqui vai minha opinião sobre como contornar uma situação que está virando um caos social sobre a continuidade da greve, porém os caminhoneiros não podem desistir de continuar enfrentando o governo federal para não passar vergonha com a população e, principalmente, com a Rede Globo, que está empenhada a todo custo “dar ordem no movimento para parar ainda hoje a greve”. Os próprios jornalistas da emissora estão passando por momento de puro constrangimento porque a greve ao invés de acabar no dia de hoje, está é tendo mais adesão do povo, inclusive quarta-feira os trabalhadores das refinarias estão prometendo paralisar as atividades por um dia para se solidarizar com os “companhe iros caminhoneiros”. Michel Temer deve estar com saudade do Lula, preso em Curitiba, a pedido do próprio presidente golpista. O ex-presidente é o único líder sindical hoje capaz de contornar a situação, pois com sua experiência adquirida com 30 (trinta) anos como líder dos metalúrgicos do ABC credenciam-no como a pessoa mais preparada para resolver esse impasse referente a essa greve que hoje completa 08 (oito) dias. Na minha modesta opinião, a judiciário não conseguirá sustentar a prisão de Lula por mais um mês porque a pressão pela liberdade dele é do tamanho da vontade popular para que ele seja candidato a presidente nesta eleição que irá começar no próximo dia 15 de agosto. Os próprios caminhoneiros reconhecem na pessoa de Lula a maior liderança sindical que este país já teve e a forma de contornar esse impasse passa por ele, caso não ocorra uma insegurança no país que pode levar ao caos em todas as instituições brasileiras. Se a greve continuar por mais uma semana, Temer não terá outra opção a não ser renunciar diante do desgaste sofrido pela paralisação dos caminhoneiros, que só aceitam voltar às atividades se o governo federal reduzir também o preço do gás, da gasolina, do álcool, da batata, da cebola, da carne, principalmente do chope, porque ninguém é de ferro.
Dr. Ronan Almeida de Araújo é jornalista
